A pergunta que não quer calar: já recebi as duas doses da vacina contra a COVID-19 e gostaria de saber se tenho imunidade à doença. Qual o melhor teste a se fazer para descobrir e quando posso realizá-lo? Muitas pessoas têm dúvidas quanto a esse ponto, afinal, o mundo todo aguarda pela imunização em massa para que se possa retomar a rotina.
Atualmente, até o fechamento desta edição da Revista Notícias Medicina Laboratorial, o Brasil disponibiliza para a população dois imunizantes: o desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca e o CoronaVac, pelo laboratório chinês Sinovac, com produção pelo Instituto Butantan.
De acordo com o levantamento do consórcio de veículos de imprensa, que tem como base as informações fornecidas pelas secretarias estaduais de saúde, até o dia 9 de março de 2021, 8.736.891 brasileiros receberam ao menos uma dose da vacina, o que equivale a 4,13% da população nacional.
A pensar em tal montante, a realização da testagem em massa seria importante neste momento, a fim de entender e projetar os próximos passos dessa campanha, visto que muito falta ainda para que indivíduos com diversas faixas etárias possam ser beneficiados. “Ter o controle da resposta vacinal agora é muito importante, para que possamos entender um pouco mais sobre a doença, o comportamento das novas cepas e até mesmo auxiliar no desenvolvimento de novas vacinas”, explica o Dr. Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
De acordo com o médico, muitos laboratórios brasileiros já disponibilizam os três tipos de exames: o IgG (anti-S ou anti-RBD) e a pesquisa dos Anticorpos Neutralizantes. “Os testes são baseados nas reações de antígeno e anticorpo. Grande parte das vacinas usam a proteína S como substrato, então os testes devem ser direcionados contra antígeno S e sua parte mais externa, que é a proteína RBD”, conclui. O ideal é realizar o teste após, pelo menos, 21 dias da vacinação completa. No vídeo a seguir, O Dr. Carlos Eduardo dá mais detalhes sobre esse tipo de testagem. Assista:
Porém, mesmo com a resposta positiva na presença de anticorpos neutralizantes, a necessidade de manter as medidas de segurança propostas pelos órgãos de saúde como a higiene constante, uso de álcool em gel e distanciamento social não devem ser anuladas. Recentemente, a Associação Médica Brasileira (AMB) elaborou um manifesto em que dezenas de entidades e sociedades médicas, incluindo a SBPC/ML, apoiam o uso de máscaras, pois elas são bastante eficazes para a redução da transmissão do vírus. “Essas atitudes simples estão no poder de cada indivíduo, ou seja, se cada pessoa colaborar já é possível ter um impacto positivo na diminuição da proliferação do vírus”, explica.
Ainda que não seja possível estabelecer uma política de testagem pós vacinal ampla neste momento, o Brasil ainda se faz avesso a testagem em massa com os elementos que já estão à disposição, como os exames de RT-PCR, os testes sorológicos e os rápidos. A Coréia do Sul tem sido um case de sucesso na contenção de um aumento precoce no número de casos. No ano passado, os órgãos de saúde instalaram diversos pontos de testagens para que, no momento da identificação de um positivo, o isolamento fosse imediato. Assim, o índice de contaminação foi brecado.
Outra abordagem bastante interessante usada foi a de big data para o rastreamento de contatos, utilizando históricos de cartões de crédito e dados de localização enviados pelas operadoras de telefonia celular para acompanhar o deslocamento de pessoas infectadas. Pesquisas mostraram, na ocasião, que a maioria dos cidadãos coreanos concordava em sacrificar sua privacidade digital no combate ao surto. Porém, tudo isso foi possível porque a população colaborou para que tudo ocorresse conforme o planejado, ponto que é um grande sacrifício no Brasil. “As pessoas precisam colaborar, caso contrário, a coisa virará uma bola de neve, não terá fim”, apela o presidente da SBPC/ML.
O sistema de saúde nacional tem condições de iniciar, de imediato, um plano tático como esse, a se pensar pela disponibilidade de testes que existem no mercado e por aqueles que, por ficarem muito tempo armazenados, estão passando pelo Programa de Avaliação de Kits de Diagnóstico para SARS-CoV-2, projeto da SBPC/ML que conta com a parceria da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), sob a supervisão, especificamente neste caso, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com o Dr. Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, há condições para que isso aconteça ordeiramente, bem como profissionais atuantes em laboratórios qualificados para a realização dos testes em locais adequados, garantindo a segurança do paciente. O que precisa é do pontapé inicial, do apoio das autoridades para que possamos contribuir com a diminuição das taxas de infecção e mortalidade pelo SARS-CoV-2 e pela maior velocidade de vacinação para todas as pessoas o mais rápido possível. O médico afirma que a SBPC/ML está à disposição para auxiliar nesse plano de testagem em massa junto aos órgãos competentes. “Neste momento, a união de todos é fundamental”, conclui.
Fonte: Revista Notícias-Medicina Laboratorial (SBPC/ML)
O diagnóstico anatomopatológico consiste na avaliação de alterações macroscópicas e microscópicas de tecidos e células, visando prevenir doenças, confirmar diagnóstico clínico e auxiliar no tratamento.
No setor de bioquímica, os exames realizados dizem respeito a investigação do funcionamento dos processos metabólicos do organismo. São exemplos: glicose, colesterol, triglicerídeos, exames de função hepática, função renal, função cardíaca, eletrólitos, etc.
O exame citopatológico é um teste realizado para detectar alterações nas células do colo do útero que possam predizer a presença de lesões precursoras do câncer ou do próprio câncer. É a principal estratégia para detectar lesões precocemente.
O setor de hematologia, por sua vez, investiga condições relacionadas ao sangue e suas frações, sendo o Hemograma o exame mais comum entre as solicitações médicas dentro deste grupo.
No setor de hormônios, moléculas produzidas por glândulas e que exercem efeito específico sobre uma ou mais partes do corpo, os exames dizem respeito a função tireoideana, reprodutora, entre outros. Dosagens de PSA e TSH são exemplos de exames que compõem este grupo.
Doenças relacionadas a alterações na capacidade de defesa do organismo (imunidade) e resposta contra infecções como a rubéola, a toxoplasmose e a dengue, são investigadas no setor de imunologia.
Os marcadores tumorais são proteínas ou outras substâncias produzidas tanto por células normais quanto por células cancerígenas, mas em quantidades maiores pelas células cancerígenas. Eles podem ser encontrados no sangue, urina, fezes, tumores ou em outros tecidos ou fluídos corporais de alguns pacientes com câncer.
O setor de microbiologia realiza exames como cultura de urina, orofaringe e outras secreções. Esses exames balizam o diagnóstico de doenças infecciosas relacionadas, por exemplo, à atividade bacteriana nociva no organismo.
Assim como o hemograma, a análise de urina pode ser muito importante para a detecção de determinadas substâncias capazes de indicar a presença de alguma patologia que não apresente sintomas. É no setor de urinálises que essa investigação irá começar.
Virologia é o estudo dos vírus e suas propriedades. Entre os exames mais realizados estão: Citomegalovírus, Vírus do Herpes simplex, Vírus da Varicela Zoster, Antigenemia, PCR para vírus do Herpes simplex, HPV, HTLV-I HTLV-II, Antigenemia para o CMV, entre outros.
O teste do pezinho é um exame médico realizado em bebês, utilizado para o diagnóstico precoce de várias doenças, entre as quais fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, síndromes falciformes, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.
O teste de paternidade — também chamado de teste de DNA — serve para provar se há, ou não, vínculo de genitura entre duas pessoas. Para isso, é feita a análise comparativa dos VNTR (número variável de repetições em tandem, em português), que são as sequências de DNA dos envolvidos.